15 de ago. de 2011

Aceitar a Jesus!?


Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por Ele, sem qualquer influência por parte de quaisquer obras praticadas.
"O que devo fazer para ser salvo?", devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir a saída eterna da face de Deus.
Os cristãos "evangelicais" fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa: "Creia no Senhor Jesus Cristo", "Receba Cristo como seu Salvador pessoal" e "Aceite Cristo". Duas delas são extraídas quase literalmente das Escrituras (At 16:31; João 1:12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Por sermos espiritualmente preguiçosos, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas, tanto para nós mesmos como para outros; assim sendo, a fórmula "Aceite Cristo" tornou-se uma panacéia de aplicação universal, e acredito que tem sido fatal para muitos. Embora um penitente ocasional responsável possa encontrar nela toda a instrução que precisa para ter um contato vivo com Cristo, temo que muitos façam uso dela como um atalho para a Terra Prometida, apenas para descobrir que ela os levou em vez disso a "uma terra de escuridão, tão negra quanto as próprias trevas; e da sombra da morte, sem qualquer ordem, e onde a luz é como a treva".
A dificuldade está em que a atitude "Aceite Cristo" está provavelmente errada. Ela mostra Cristo suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Ele fique de pé, com o chapéu na mão, aguardando o nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue. Ela pode até permitir que aceitemos Cristo mediante um impulso mental ou emocional, sem qualquer dor, sem prejuízo de nosso ego e nenhuma inconveniência ao nosso estilo de vida normal.
Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos; como se, por exemplo, Israel tivesse "aceito" no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo "aceitasse" o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante. Não fica claro que se aceitar Cristo deve significar algo? É preciso que haja uma ação moral em harmonia com essa atitude!
Ao permitir que a expressão "Aceite Cristo" represente um esforço sincero para dizer em poucas palavras o que não poderia ser dito tão bem de outra forma, vejamos então o que queremos ou devemos indicar ao fazer uso dessa frase.
"Aceitar Cristo" é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus, absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. O crente acha-se intelectualmente convencido de que Jesus é tanto Senhor como Cristo; ele decidiu segui-lo a qualquer custo e seu coração logo está gozando da singular doçura de Sua companhia.
Esta ligação é total, no sentido de que aceita alegremente Cristo por tudo que Ele é.
Não existe qualquer divisão covarde de posições, reconhecendo-o como Salvador hoje, e aguardando até amanhã para decidir quanto à Sua soberania.
O verdadeiro crente confessa Cristo como o seu Tudo em todos sem reservas. Ele inclui tudo de si mesmo, sem que qualquer parte de seu ser fique insensível diante da transação revolucionária.
Além disso, sua ligação com Cristo é toda-exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vários interesses rivais. Ele segue a órbita de Cristo como a Terra a do Sol, mantido em servidão pelo magnetismo do Seu afeto, extraindo dEle toda a sua vida, luz e calor. Nesta feliz condição são-lhe concedidos novos interesses, mas todos eles determinados pela sua relação com o Senhor.
O fato de aceitarmos Cristo desta maneira todo-inclusiva e todo-exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na Sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer o significado das palavras: "pois, segundo ele é, nós somos neste mundo" (1 João 4:17). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como inimigos nossos, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como o nosso.
Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar a Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.
                                      por

A. W. Tozer
 

Arrependimento é Deixar o Pecado

Arrependimento é Deixar o Pecado
por
Dwight Lyman Moody





Eu não me dirijo somente ao não convertido, porque sou daqueles que crêem que a igreja precisa se arrepender muito antes que muita coisa de valor possa ser feita no mundo. Acredito firmemente que o baixo padrão de vida cristã está mantendo muita gente no mundo e nos seus pecados. Se o incrédulo vê que o povo cristão não se arrepende, não se pode esperar que ele se arrependa e se converta de seu pecado. Eu tenho me arrependido dez mil vezes mais depois que conheci a Cristo, do que em qualquer época anterior, e penso que a maioria dos cristãos precisa se arrepender de alguma coisa.
Assim, quero pregar tanto para os cristãos como para os não-convertidos, tanto para mim mesmo quanto para aquele que nunca conheceu a Cristo como seu Salvador.
Há cinco coisas que fluem do verdadeiro arrependimento:
1. Convicção.
2. Contrição.
3. Confissão de pecado.
4. Conversão.
5. Confissão de Cristo diante do mundo.

AVERDADEIRA E AFALSA HUMILDADE



A humildade é algo absolutamente indispensável para o cristão. Sem ela, não pode
haver conhecimento de si mesmo, nem arrependimento, nem fé, nem salvação.
As promessas de Deus são dirigidas aos humildes; o homem orgulhoso, com seu orgulho perde o direito a todas as bênçãos prometidas aos humildes de coração, e não pode esperar da mão de Deus outra coisa senão justiça.
Contudo, não devemos esquecer que há uma falsa humildade que se distingue da
real, e que no geral existe entre os crentes, sem que se dêem conta de que é falsa.
A humildade verdadeira é algo saudável. O homem humilde aceita que se lhe diga a verdade. Ele crê que em sua natureza caída não habita bem nenhum. Reconhece que, separado de Deus, não é nada, não tem nada, não sabe nada, nem pode fazer nada. Mas esse conhecimento não o desanima, porque também sabe que, em Cristo, ele é alguém. Sabe que para Deus ele é mais precioso que a menina dos seus olhos, e que pode todas as coisas por meio de Cristo, que o fortalece; ou seja, pode fazer tudo o que está dentro da vontade de Deus que ele faça.
A pseudo-humildade é, na realidade, simplesmente orgulho com outra cara. Faz-se
evidente na oração do homem que se condena diante de Deus como fraco, pecador e
néscio, mas que se ofenderia e lhe causaria raiva se sua esposa dissesse essas mesmas
coisas dele.
Não é que esse homem seja necessariamente um hipócrita. A oração de
autocondenação pode ser completamente sincera, como também o pode ser sua defesa
própria, embora ambas pareçam contradizer-se mutuamente. A semelhança entre as duas
é que ambas nasceram dos mesmos pais: o pai é o amor próprio e a mãe é a confiança
em si mesmo.
O homem cheio de auto-estima espera de forma natural grandes coisas de si
mesmo, e se sente amargamente desanimado quando fracassa. O crente que tem auto-
estima tem os mais elevados ideais morais: chegará a ser o homem mais santo de sua
igreja, se não o mais santo de sua geração. É possível que fale da depravação total, da
graça e da fé, enquanto ao mesmo tempo inconscientemente está confiando em si
mesmo, promovendo-se a si mesmo e vivendo para si mesmo.
Como tem aspirações tão nobres, qualquer falha em alcançar seus ideais o enche
de desânimo e desgosto. Vem, então, a dor da consciência, que ele erroneamente
interpreta como evidência de humildade, mas que na realidade só é uma amarga negativa
de perdoar-se a si mesmo por haver caído da alta opinião que tinha de sua própria
pessoa. Às vezes se pode traçar um paralelo com a pessoa do pai orgulhoso e ambicioso
que espera ver no filho o tipo de homem que ele havia esperado ser e não é, e que
quando o filho não vive de acordo com suas expectativas não quer perdoá-lo. A dor do
pai não vem do seu amor pelo filho, mas de seu amor por si próprio.
Textos de A. W. Tozer
- 20 -
O homem verdadeiramente humilde não espera encontrar virtude em si mesmo, e
quando não a encontra, não se desanima. Ele sabe que qualquer boa obra que poderia
fazer é resultado da obra de Deus nele, e se é obra própria sua sabe que não é boa, por
melhor que pareça.
Quando essa crença se torna parte desse homem, algo que opera como uma
espécie de reflexo subconsciente, ele se vê liberto do peso de viver segundo a opinião
que tem de si mesmo. Pode descansar e contar com o Espírito para que cumpra a lei
moral em seu íntimo. Muda-se o centro de sua vida, do ego para Cristo, que é onde
deveria Ter estado desde o princípio, e assim se vê livre para servir a sua geração de
acordo com a vontade de Deus, sem os milhares de empecilhos que antes tinha.
Se um homem assim falha para com Deus de alguma forma, lamenta-o e se
arrepende, mas não passa os dias castigando-se a si mesmo por seu fracasso. Dirá com o
Irmão Lourenço: "Nunca poderei agir de outra forma se me deixas só; Tu és aquele que
deve impedir minha queda e emendar o que é mau", e depois disso "não continuará se
torturando pelo acontecido".
Quando lemos sobre a vida e os escritos dos santos, é que a falsa humildade mais
entra em ação. Lemos Agostinho e percebemos não ter sua inteligência; lemos Bernardo
de Claraval e sentimos um calor em seu espírito, que não encontramos em nosso próprio
em um grau que sequer se lhe assemelhe; lemos o diário de George Whitefield e temos
de confessar que comparados com ele somos simples principiantes, noviços espirituais, e
que apesar de nossas "vidas tão supostamente ocupadas" vemos muito pouco ou nada
realizado. Lemos as cartas de Samuel Rutherford e sentimos que seu amor por Cristo
ultrapassa tanto o nosso, que seria estupidez sequer mencioná-los ao mesmo tempo.
É então que a pseudo-humildade começa a trabalhar em nome da autêntica
humildade e nos leva até o pó numa confusão de autocompaixão e autocondenação.
Nosso amor próprio se volta contra nós mesmos e com grande azedume nos joga em
rosto nossa falta de piedade. Sejamos cuidadosos com isso. Aquilo que achamos ser
penitência pode facilmente ser uma pervertida forma de inveja e nada mais. É possível
que simplesmente estejamos invejando esses poderosos homens, e desanimemos de
chegar a ser como eles, imaginando que somos muito santos porque nos sentimos
humilhados e desanimados.
Tenho conhecido duas classes de crentes: os orgulhosos que se consideram
humildes, e os humildes que têm medo de ser orgulhosos. Deveria haver outra classe: os
desesperados de si mesmos que deixam todo o assunto nas mãos de Cristo, e se negam a
gastar o tempo tentando fazer-se bons. Serão esses os que alcançarão o alvo, e bem antes
que os demais.

texto de A. W. Tozer


              Tornar-se menor
            ou tentar ser grande

Algum tempo atrás, ouvimos uma pequena palestra de um jovem pregador, na
qual ele fez a seguinte afirmação: "Se você é grande demais para uma posição
insignificante, você é pequeno demais para uma posição importante".
Uma antiga regra do reino de Deus é que quando procuramos ser grandes,
naquela mesma hora, sempre, nos tornamos insignificantes. Deus é zeloso da Sua glória
e não permitirá a homem nenhum que a reparta com Ele. O esforço por parecer grande
diante dos homens trará o desfavor de Deus sobre nós e na verdade nos impedirá de
alcançar a grandeza que tanto ansiamos.
A humildade agrada a Deus onde quer que se encontre, e o humilde terá Deus
como seu amigo e ajudador em todo tempo. É apenas o humilde que é mentalmente são
por completo, porque ele é o único que vê com clareza o seu próprio tamanho e
limitações. O egoísta vê as coisas fora de foco. No seu próprio conceito, ele é grande e
Deus é pequeno, e isso é uma espécie de insanidade moral. A humildade é uma volta à
sanidade, como aconteceu a Nabucodonosor. O humilde avalia tudo de forma correta, e
isso o torna um sábio e um filósofo.
Os jovens cristãos muitas vezes emperram a própria utilidade por causa da
atitude que têm para consigo mesmos. Eles começam com a ingênua idéia de que se
encontram pelo menos um pouco acima da média nos quesitos inteligência e habilidade
e, em consequência, sentem-se envergonhados se tiverem de assumir um lugar humilde.
Eles querem começar no topo e seguir daí pra cima! O que acontece é que normalmente
eles falham em corresponder ao lugar importante que se imaginam qualificados a ocupar
e acabam desenvolvendo um crônico ressentimento para com qualquer pessoa que se
ponha no seu caminho ou não lhes dá o devido valor. À medida que envelhecem, isso
passa a incluir quase todo mundo. Por fim, surge uma profunda e permanente inveja
amargurada contra o mundo todo. Desenvolvem, por fim, uma expressão de santidade
azeda e assumem uma aparência de mágoa santa que eles imaginam que deve ser igual à
que estava na face dos mártires das arenas romanas.
Isso é sério demais para ser engraçado, e por demais trágico e nocivo para ser
considerado levianamente. A verdade pura e simples é que ninguém pode atrapalhar um
homem que se humilhe por completo. Não há suficientes montanhas no inferno para
sufocar o verdadeiro homem ou a verdadeira mulher de Deus, mesmo que fossem
empilhadas sobre ele ou ela de uma só vez. Deus escolhe os mansos para confundir os
poderosos: "Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos
teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador" (Salmo 8.2). As crianças
de peito são exatamente o que são - não têm orgulho em si mesmas e não guardam
rancor. Eis uma pista para os cristãos.